Kym (Anne Hathaway) é uma alcoólatra que nos últimos meses ficou em uma clínica mediante uma imposição do juiz como cumprimento de pena por dirigir bêbada e bater com o carro. Com o casamento de sua irmã Rachel (Rosemarie DeWitt), Kym é liberada para participar da comemoração. O que se segue é uma demonstração de uma série de traumas que envolvem a família e demonstra o quão prejudicial pode ser uma família que não saiba lidar com tragédias pessoais.
Anne Hathaway está bastante confortável no papel, Kym tem defeitos, mas o importante é percebemos que nenhum personagem ali merece a santificação por estar ao lado dela. A protagonista não é a vilã, demonstra tendências parasitárias, mas não é fria, demonstra ainda expressões diante de cenas emocionantes. Bill Irwin concede ao personagem Paul uma ternura de um pai preocupado em manter unida a família e o equilíbrio de atenção entre as duas filhas.
O diretor acertou ao escolher o uso da câmera subjetiva para dar um ar de filmagem caseira. Esse elemento fílmico do cotidiano oferece uma liberdade ao diretor, as câmeras, com exceção da cena inicial, podem ser julgadas como câmeras de pessoas que estão filmando o casamento. Em algumas seqüências vemos outras câmeras filmando por outros ângulos, mas isso não é considerado um erro pois os câmeras viraram personagens. Outro ponto que pode chamar a atenção são pessoas carregando vários microfones, como na seqüência do ensaio do jantar, ali percebe-se que os microfones estão sendo utilizados para captar as vozes dos outros atores enquanto o principal está com um microfone próprio.
Outra solução do diretor foi o uso da música direta, como Hitchcock, toda a trilha do filme participa da ação da trama, essa idéia tem ajuda do fato que o personagem do pai foi um músico conhecido e cheio de amigos. Portanto, a casa da família está cheia de músicos ensaiando, tocando e se divertindo. Jonathan Demme colocou uma banda para tocar em partes da casa enquanto havia cenas sendo rodadas em outros cômodos. A trilha sonora foi uma criação simultânea aos acontecimentos da história.
O grande problema do filme combina com o problema da trama, a disputa de atenção entre Rachel e Kym. O diretor não sabe se dá atenção ao casamento ou a todo desenrolar da história de Kym e seus problemas familiares, um acontecimento quebra o ritmo do outro. Quando o problema da protagonista chega ao clímax, é colocado takes longos dos preparativos do casamento, isso acontece muito perto do final. O diretor se excede ao querer mostrar todo o casamento, então ficamos lá, não suportando ver a festa e dança pois queremos saber o que acontece no final do processo de redenção familiar.
O Casamento de Rachel possui uma ótima atuação de Anne Hathaway, dá uma perspectiva cotidiana dos bastidores de um casamento integrando o público dentro dessa comemoração, além de ter um bom roteiro com interpretações realistas. Mas se você for daqueles que acham a festa de casamento um tédio é possível que você não agüente o filme até o final.
Nota: 8,5