O que marca e o que se destaca no filme X-men: Primeira Classe (2011) são os atores principais. A qualidade de suas interpretações e envolvimento com a história produzem uma qualidade que geralmente não é vista nos filmes de super-heróis. Estou falando dos atores Michael Fassbender (Erik Lehnsherr/Magneto) e James McAvoy (Charles Xavier).
Na trama, os mutantes surgem cada vez mais envolvidos com a política na década de 70. Sua atuação é tão grande que o vilão Sebastian Shaw (Kevin Bacon) líder do famigerado Clube do Inferno, que manipula as ações governamentais para conseguir a terceira guerra mundial. Enquanto isso, Erik Lehnsherr inicia sua corrida de vingança contra os nazistas que mataram sua família e o torturaram. Do outro lado da história está o mutante Charles Xavier, com seu conhecimento em mutação genética é convoado para ajudar a CIA a prender Shaw e montando um time que desafie as forças mutantes do terrorista.
A história é bem conhecida do mundo mutante, falamos de aceitação. Mas, além da aceitação da sociedade o filme desenvolve a aceitação pelo que você é. Este tema desenvolve uma sub-trama inspirada, com a personagem Mística (Jennifer Lawrence) lidando com a questão com equilíbrio e sem drama excessivo.
Como bem citei anteriormente, o filme ganha vários pontos com os dois atores principais. Michael Fassbender, que mostrou sua interpretação em Bastardos Inglórios (2009), produz uma carga emocional ao personagem que induz o leitor a simpatizar-se com a causa dele e não entender as reações dos humanos. No final das contas, sempre escolhemos trucidar o vilão. Quanto a James McAvoy, o fato de descaracterizar a visão certinha de sua versão mais velha é ideal para nos familiarizarmos e McAvoy construir um personagem próprio sem ter que se espelhar nos maneirismo da interpretação de Patrick Stewart.
Quanto ao restante do elenco a turma jovem não se destaca, se mantém no nível das descobertas das capacidades de seus poderes e para ligação ao público jovem. Com exceção de Nicholas Hoult (Fera) que participa da sub-trama da aceitação. Kevin Bacon desenvolve um vilão bom vivant que tem os trejeitos de todo vilão: megalomaníaco. A maior decepção vem dos subalternos, sem muitas falas. Irrita o fato de estarem ali só para aplicar poderes legais. Como Maré Selvagem (Álex Gónzalez), que sequer tem alguma fala. É melhor ter um apenas com boa fala do que um caladão sem expressividade.
O diretor Matthew Vaughn criou vários momentos interessantes no filme. As cenas iniciais com Erik com os nazistas lembra muito Bastardos Inglórios, ângulos de câmera, situações e uso dos silêncios e tensão. Azazel (Jason Flemyng) é protagonista de uma das cenas de invasão mais legais de filmes de super-heróis.
Ponto fraquíssimo vai para os efeitos especiais. Fera parece um bicho de pelúcia e a dublagem da voz do ator com as mandíbulas não foi bem feita (mesmo problema de Venom em Homem-Aranha 3 (2007)). A sequencia de luta de voo é precária. Magneto e seu controle de metais é muito mal produzido quando o garoto se irrita no consultório de Shaw.
O diretor transita entre a ação violenta e ingênua. O primeiro tipo agrada pelo fato de não esperarmos isso de um filme de entretenimento para jovens, não é visceral, mas a intenção com que é provocada é agressiva o suficiente para espantar, essas ações são realizadas graças a presença de Erik na trama. Quanto a ação ingênua (que é a maioria) é produzida nos combates dos jovens mutantes e nos membros do Clube do Inferno, desde a golpes de espada que não produzem sangue até pessoas que quando vão ser obliteradas corta para outra cena.
Acredito que X-men: First Class está sendo supervalorizado pela crítica, principalmente a crítica nerd especializada. O filme é bom, mas precisa diminuir as cenas mirabolantes se não é capaz de produzi-las. Afinar os efeitos especiais e ter mais coragem em manter o ritmo e a carga emocional que foi produzida nas cenas de Fassbender na jornada vingativa de Magneto.
Nota: 8
Rafael Sanzio