sábado, 8 de setembro de 2012

Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros 3D (Abraham Lincoln: Vampire Hunter)



O que esperar de um filme com um título desses? Baseado no livro de mesmo nome de Seth Grahame-Smith, Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros (2012) poderia estar fadado ao pastelão ou a um bom filme de ação, só dependeria de seu diretor. Timur Bekmambetov (O Procurado) deu estilo ao filme, ultrapassou a esquisitice do inusitado protagonista e entregou um bom filme de ação.

A história mostra o passado obscuro de um dos mais ilustres presidentes dos Estados Unidos, Abraham Lincoln (Benjamin Walker). Sob a tutela de Henry Sturgess (Dominic Cooper), Abraham caça os vampiros que assolam os Estados Unidos do século 18, tentando diminuir sua população e a possível guerra entre a raça humana e a vampírica.

O ponto mais interessante da trama pode ser o calcanhar de Aquiles do filme: Abraham Lincoln. Para àqueles que conhecem mais da história do presidente deve ser divertido ver como o autor respondeu ou “encaixou” pontos da trama no enredo vampiresco da história. Da mesma forma pode ser irritante ou incômodo ver um ícone como o presidente caçar e matar com brutalidade os vampiros da história. Quanto a jornada em si, o diretor Timur parece não ter interesse em começar uma franquia, (até ver os números de bilheteria) mas opta sabiamente em não passar tempo demais no treinamento de Abraham Lincoln (o que em uma história de origem pediria mais tempo). Com tantos filmes de super-heróis não precisamos ver mais do mesmo “treino, treino, treino” com a edição e montagem o espectador consciente saberá que ele treinou por muito tempo antes de sair à caça. Os vampiros da trama são, ao menos pela fama dos atuais vampiros do cinema, mais horripilantes e selvagens quando assumem seu lado bestial. Mas não dá para engolir ainda que protetor solar evita a destruição à exposição ao sol.

Benjamin Walker consegue manter o posto de protagonista, talvez ingênuo demais no começo, mas possui presença forte de cena para as lutas e imposição como líder. O resto do elenco cumpre seu papel com naturalidade, mas Marton Csokas (Jack Barts) apresenta-se como um vilão muito mais carismático do que o vilão principal da trama.

"É assim que se usa um machado Sr. Nicholson!"

As cenas de ação possuem a marca de Timur Bekmambetov, associando-se ao 3D a luta no trem é muito empolgante com lances de profundidade bem utilizados. Mas infelizmente, apesar de achar que houve um esforço para tornar a cena empolgante, a sequencia da luta durante a corrida dos cavalos ficou muito mais tosca e inacreditável do que bem feita e empolgante.

Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros é um filme divertido, tem uma construção de uma jornada coerente com uma ou duas boas reviravoltas, mas no ímpeto de uma conclusão acaba por desmerecer toda a construção dos vampiros “principais” com um desfecho para eles no mínimo decepcionante. Ah! Não faça questão de assistir em 3D, não é ruim, mas também não é algo de “encher os olhos”.

Nota: 7

Rafael Sanzio

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Procura-se um Amigo para o Fim do Mundo (Seeking a Friend for the End of the World)



Não. Nada de explosões, testosterona e corrida contra o tempo para salvar o planeta Terra. O filme Procura-se um Amigo para o Fim do Mundo (2012) dirigido e escrito por Lorene Scafaria tenta salvar os seus próprios personagens de uma vida sem significados e de constantes erros. O que temos aqui é um filme de Estrada (protagonistas que viagem em busca de algo ou de si mesmos) dramático maquiado de um filme de comédia.

A história acompanha Dodge (Steve Carell) um corretor de seguros que é abandonado pela esposa quando a notícia que o mundo irá acabar é confirmada. Em meio às esquisitices que acontecem com esse fato mortal, ele conhece Penny (Keira Knightley), uma garota espontânea e otimista que fará com que os dois saiam em busca de seus objetivos.

Estamos acostumados com tantos filmes apocalípticos que é estranho não ver um mundo mais caótico e destrutivo mediante a ameaça do fim do mundo. Se for por culpa do orçamento ou realmente era a intenção da diretora, sabemos que o importante aqui é a jornada dos protagonistas e a destruição iminente das suas almas, não do mundo. A jornada de redenção é bonita e o clima dramático, até mesmo melancólico, lhe acompanha durante a película (mesmo nos momentos de comédia). O personagem de Steve Carell merece uma análise, o nome Dodge significa em inglês algo como “esquivar” o que é demonstrado no enredo a capacidade de Dodge esquivar dos problemas, não encará-los ou encará-los com antipatia. E o emprego que escolheu, corretor de seguros, consolida a característica de Dodge, um personagem que busca a saída segura, a rotina e as certezas da vida, o que causa choque ao descobrir que não tem certeza do que fazer no fim de tudo.


A atuação de Steve Carell está a mesma dos seus filmes mais dramáticos, onde ele permite que sua falta de emoção e expressões deem o tom da cena. A comédia não vem de suas caras e bocas, mas de sua incredulidade aos eventos absurdos que acontecem ao seu redor. Keira Knightley não traz nada de novo ou especial, sua beleza serve para encantamento e só. Os personagens coadjuvantes rendem cenas bem humoradas em todos os momentos, mantendo o ritmo da jornada sempre fresca.

Procura-se um Amigo para o Fim do Mundo é um filme um pouco melancólico, principalmente para aqueles que possuem assuntos pendentes para resolver, seu final corajoso deixa-nos com a reflexão interessante sobre com quem queremos estar ao nosso lado em nossos momentos finais. A história escrita por Lorene Scafaria atinge nosso íntimo, sem precisar de grandes impactos com efeitos especiais para isso.

Nota: 9

Rafael Sanzio