Minha preocupação em assistir esse filme foi o receio de que o estilo do diretor Guy Ritchie (RocknRolla – A Grande Roubada; Snatch – Porcos e Diamantes) sobrepujasse a história que envolve Sherlock Holmes, além do medo provocado pelos trailers de que Robert Downey Jr. transformasse Holmes em um vitoriano Tony Stark. Mas meus medos foram espantados pela direção segura de Ritchie e pela atuação carismática de Robert Downey Jr.
Na trama, Sherlock Holmes (Robert Downey Jr.) chega ao fim de sua parceria com Watson (Jude Law) que está noivo. Contudo, sua última investigação juntos volta a ativa de forma inesperada, obrigando o relutante Watson a voltar suas atenções para o seu parceiro. Sherlock Holmes enfrentará os poderes sobrenaturais do Lorde Blackwood (Mark Strong) desafiando o famoso raciocínio lógico do detetive.
O roteiro do filme abre espaço para a pancadaria. Onde apenas havia deduções e investigações elaboradas, há um Holmes mais ágil e boxeador. Mas não são deixadas de lado suas famosas deduções, o companheirismo existente entre Watson e Holmes e depois de O Código Da Vince, Anjos e Demônios e O Símbolo Perdido, não é difícil se entreter com ordens secretas que contém seus próprios enigmas e mistérios. No filme há elementos para ser considerado um filme noir (ou neo-noir como chamam os filmes que retomam as características dos filmes de detetives dos anos 40), com sua fotografia cinzena, herói (aparentemente) decadente e com um belo exemplo de femme fatale.
A principio podemos considerar a escolha de Robert Downey Jr. para o papel de Holmes como um mero artifício para aproveitar-se da ascensão do astro, já que imaginar Sherlock Holmes é ver um homem austero, sério e não-baixinho. Contudo, pela própria visão empregada pelos roteiristas Michael Robert Johnson, Anthony Peckham e Simon Kinberg, este Holmes especificamente parece ter sido feito para o ator. O estado de decadência do detetive justifica a pessoa mirrada na tela, mas que detém extrema força e sagacidade no olhar quando precisa. A seqüência onde Holmes conhece Mary, noiva de Watson, é um dos momentos onde o ator mostra que seria capaz de interpretar a faceta séria e londrina do detetive.
Foi uma feliz amostra do diretor Guy Ritchie com o filme Sherlock Holmes, o diretor controlou seu próprio estilo para evitar exageros que acontecem em Snacth (2000), RocknRolla (2008), Jogos, Trapaças e dois canos fumegantes (1998), mas sem perder este estilo de vista. Para demonstrar a capacidade mental de Holmes, nada de letras brilhantes como Uma Mente Brilhante (2001), mas flashfowards mostrando o rápido raciocínio do detetive para situações dramáticas, essas seqüências são usadas nas cenas de luta, mas podemos concluir como o detetive trabalha quando investiga coisas que não socam.
O restante do elenco agüenta o ritmo do protagonista. Jude Law como Watson serve como contraponto para o comportamento de Holmes, talvez até mesmo como um verdadeiro Sherlock Holmes deveria ser. Rachel McAdams, que interpreta Adler, produz uma femme fatale que não exagera em suas cenas de luta para não tornar-se uma Rachel Weiz na séria A Múmia. Mark Strong como o vilão cumpre seu papel, atuando com um lado sombrio e megalomaníaco: um vilão básico.
Sherlock Holmes entra na lista de personagem inglês repaginado como o atual James Bond, mas diferente do agente que tenta imitar Jason Bourne, Holmes deixa a seriedade do foco principal, transforma-se em um dependente de casos e de exercícios da mente e provoca uma sensação de ver mais do detetive londrino. Funcionaria sem Robert Downey Jr.? Não seria tão divertido!
Nota: 9
Rafael Sanzio
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