domingo, 16 de maio de 2010

Alice no País das Maravilhas


Por que criticar Tim Burton por ser Tim Burton? Alguns críticos dão pontos negativos para o filme Alice no País das Maravilhas (2010) por ter a marca de Tim Burton. Não porque o diretor errou feio, mas na visão deles Burton apresenta mais do mesmo. Mas isso deve ser considerado para tornar um filme ruim?


A história do filme nos leva 10 anos depois dos eventos do livro de Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas. Alice (Mia Wasikowska) vive sob pressão para seguir o que lhe é ordenado, tanto por sua família como pela sociedade. Pressionada a tomar uma decisão importante, Alice foge e acaba caindo novamente no País das Maravilhas, no qual acreditava ser apenas um sonho. De volta ao mundo subterrâneo Alice vai ter que tomar decisões importantes para decidir o destino dos habitantes do País das Maravilhas.

O roteiro flui com tranqüilidade se considerarmos com menos fanatismo o que foi mantido e o que foi mudado do mundo de Lewis Carroll. A história toma como base contos e poemas de Lewis Carrol sobre a continuação do livro. Existe a transformação do mundo em uma grande aventura, com a presença da corte da rainha, exércitos, rebeldes como um verdadeiro épico de fantasia medieval. Mas entre tudo isso há a evolução da própria Alice de criança para mulher, tudo de forma simbolista no texto e visual.

O problema de colocar nas mãos de um ator principiante toda a força de um filme é o fato de que ele pode não dar conta do recado. E apesar de dizer que não está usando espartilho a Alice está presa na atuação, desenvolvendo uma interpretação que simboliza a prisão de sua criatividade frente à sociedade a atriz Mia Wasikowska acaba por levar a atuação insossa por todo o filme. Helena Bonham Carter e Johnny Depp estão livres e espontâneos nos seus personagens, tomando liberdades artísticas e visuais. As mudanças de humor do chapeleiro deixam bem mais lunático e perigoso. Outras duas atuações que podem causar estranheza são as de Anne Hathaway e Crispin Glover, princesa e valete de copas respectivamente. O fato de serem personagens novos no mundo de Alice deu trabalho para que fosse criado um desempenho tão marcante quanto os outros personagens esquisitos da história.


A estética de Tim Burton casa bem com o mundo de Alice, os efeitos especiais estão bem feitos com exceção do corpo do valete. O rosto e corpo produzem uma ondulação que dificulta a atuação corpórea junto com a facial. As seqüências de ação são clichês, talvez a parte mais fraca do filme. A luta contra o Jabberwock (Christopher Lee) é previsível. Contudo, Tim Burton demonstra uma facilidade em criar um clima, tensão, momentos únicos para cada personagem e produz uma aventura de fantasia que dá de 10 à zero nessas pretensas franquias como Percy Jackson – E O Ladrão de Raios, Eragon e Crônicas de Narnia.

Alice no País das Maravilhas é um bom filme. Está cansado do estilo de Burton? Assista outras produções, ficou a fim de voltar a uma história com estética “esquisita” e personagens do mesmo estilo? Volte para Burton! Tim Burton não é mesmice é referência, não deve ser julgado por ter encontrado seu nicho de atuação.

Nota: 8,5

Rafael Sanzio

domingo, 2 de maio de 2010

Homem de Ferro 2


Depois do sucesso do primeiro filme foi com ansiedade que os fãs esperaram a continuação de Homem de Ferro. Deixando de lado a obrigatoriedade de explicar sua origem o filme dá espaço para o desenvolvimento dos personagens, mais ação e o humor ácido de Tony Stark (Robert Downey Jr.). A continuação do herói da Marvel transita para uma trama mais séria e apaga a imagem de “bom moço” deixado pelo primeiro filme ao protagonista.


Na trama, após revelar ser Homem de Ferro, Tony Stark é alvo da cobiça do governo americano diante de sua criação. Enquanto se diz completamente capaz de lidar com as conseqüências de sua invenção, Ivan Vanko (Mickey Rourke) cria uma armadura que usa energia semelhante ao Homem de Ferro, em busca de vingança o agora Chicote Negro irá juntar forças com o empresário Justin Hammer (Sam Rockwell) para enfim destruir o legado de Tony Stark.


Sem o problema ou mesmice da questão identidade secreta o filme pode viajar livremente por outros caminhos, afinal, Tony Stark realmente não é do tipo mártir. Ele não iria agüentar uma semana escondendo sua identidade sem receber a glória de seus atos ou sofrer para proteger seu segredo. A história segue parcialmente a saga dos quadrinhos “Demônio da Garrafa” onde Stark se entrega a bebida, mas com o final do primeiro não haveria motivos para o personagem descer para o fundo do poço, é aí que o roteiro de Justin Theroux encontra uma saída para levar Tony à bebida e autodestruição. O filme equilibra bem os momentos de ação, comédia e drama, perdendo um pouco do ritmo na seqüência do vídeo do pai de Stark. A mensagem reservada ao filho poderia ser descartada por algo mais original.


O elenco foi aumentado e modificado. A falada saída de Terrence Howard que interpretava James Rhodes transformou a personalidade do personagem ou essa evolução já estava prevista e o ator não conseguia alcançá-la. O substituto, Don Cheadle (Hotel Ruanda e O Traidor) imprime maior maturidade e militarismo ao futuro Máquina de Combate o que Terrence não demonstrou no primeiro com sua atuação jovial e voz esganiçada. Perdeu-se o visível elo entre amigos, mas Rhodes ganhou mais profundidade com seu dilema entre a amizade e servir ao país.



Além de ser um colírio para os olhos Scarlett Johansson trouxe com sua Viúva Negra a força que a S.H.I.E.L.D. precisava para ser representada nos filmes, o agente Coulson (Clark Gregg) não demonstrava a potencia que a agencia realmente tinha. A maior presença de Nick Fury na história investe cada vez mais na chegada do filme Os Vingadores, mas Samuel L. Jackson perde-se na sua atuação caricata. Mickey Rourke parece perdido ou distante naquela viagem de adaptação de quadrinhos, mas rende boas seqüências de ação.


Por falar em seqüências de ação, Homem de Ferro 2 (2010) vence seu predecessor, investindo mais em brigas equilibradas sem terroristas para chutar longe. Uma das melhores cenas de ação não é com Homem de Ferro, mas com a Viúva Negra, onde ela mostra a diferença entre um agente da S.H.I.E.L.D. e um motorista/segurança lutador de boxe. Outro ponto positivo foi a mudança de percepção de uma batalha final, não é preciso descascar toda a armadura para dizer que foi uma boa luta nem arrancar sua máscara. Homem de Ferro não precisa desse drama durante a ação.


Ao que parece o diretor Jon Favreou e equipe percebeu a magnitude que a marca Homem de Ferro possui, apresentando-nos uma história menos simples, com referencias ao universo Marvel e com o destaque ao ator Robert Downey Jr. que criou um Tony Stark mais carismático que o dos quadrinhos.

Lembrete: Fiquem até o final dos créditos haverá uma cena extra!


Nota: 9


Rafael Sanzio