Não sei como ainda existem filmes da franquia Crônicas de Nárnia. O primeiro foi ruim, ingênuo e com ação capenga. O segundo evoluiu um pouco, mas os telmarinos não tinham charme suficiente para agradar a produção. O terceiro filme, As Crônicas de Nárnia - A viagem do Peregrino da Alvorada (2010) bebe da fonte de filmes como da safra de Sinbad ou até mesmo de Piratas do Caribe, apresentando uma busca fantástica com perigos a cada ilha.
Na trama, Lúcia (Georgie Henley) e Edmundo (Skandr Keynes) ainda estão na Inglaterra esperando sua vez de viajarem para reencontrar com seus pais. Edmundo luta para sair da sombra do irmão e mostrar que é capaz de resolver seus problemas sozinho e liderar uma nação. Já Lúcia permanece na sombra da irmã, desejando ser tão linda quanto ela. Os garotos terão que resolver seus problemas ao voltarem para Nárnia, ajudando o rei Caspian (Ben Barnes) na busca pelos sete Fidalgos de Telmar para derrotar um grande mal. A tira colo, deverão suportar a presença do primo chato e cético Eustáquio (Will Poulter), que acabou por entrar na jornada a contra gosto.
Há uma preguiça no roteiro, apresentando rapidamente Edmundo, Lúcia e Eustáquio. Mas o ponto fraco é a mesmice das motivações das buscas, as soluções para os conflitos e algumas idéias estapafúrdias dos personagens. Onde já se viu preferir acampar na praia de uma ilha desconhecida do que ficar no barco e esperar até o amanhecer? Além disso, não é explicado o fato de Caspian ainda estar vivo! Se alguns meses na Terra equivalem à décadas em Nárnia, porque agora na volta isso não funciona? E o surgimento do grande mal é, no filme, algo gratuito e serve apenas como pretexto para a jornada.
Edmundo e Lúcia conseguem manter o filme como protagonistas, não sentimos falta dos outros dois irmãos. Príncipe Caspian, agora rei Caspian, também demonstra força para ser protagonista de outro filme. Mas Will Poulter, como Eustáquio, só serve como alívio cômico. Mesmo com sua evolução no final não imagino e nem quero pensar nele como personagem principal de um quarto filme.
A direção de Michael Apted ganha na sequencia final. Mas perde muito em momentos diversos do longa-metragem. Em algumas ocasiões a câmera parece amadora, não conseguindo enquadrar os personagens e não é de propósito, pelo que podemos perceber é que não houve espaço para filmar. Uma cena que podemos perceber isso é a que Edmundo e rei Caspian discutem na gruta sobre quem deve liderar os homens do Peregrino da Alvorada, navio utilizado pelos personagens.
A grande metáfora dos filmes de Nárnia aqui se escancara, o fato de Aslam ser a representação de um personagem bíblico. A magia e mesmo o mistério era que nós fizéssemos essa referencia e não entregar de mão beijada para a plateia.
O filme As Crônicas de Nárnia - A viagem do Peregrino da Alvorada é um filme abaixo da média, simples, sem charme e com uma sequencia final empolgante. A franquia deveria ser enterrada, mas o público a mantém firme e forte. Gostaria de ver uma opinião contrária a minha e tentar perceber com outros olhos as qualidades da série. Filme recomendado para crianças.
Nota: 5,5
Rafael Sanzio