Indicado à 13 Oscar, O Curioso Caso de Benjamin Button (2008) tem grandes chances de levar o Oscar de melhor filme e melhor maquiagem. Baseado no conto de F. Scott Fitzgerald, o filme possui um roteiro cativante, além da direção inspirada de David Fincher (Se7en).
A história acompanha a vida de Benjamin Button, que nasceu com os sintomas de uma pessoa idosa, mas curiosamente, passa-se os anos e o jovem/velho Benjamin Button começa a rejuvenescer. O filme é uma longa jornada pela vida do protagonista, mas não é cansativo, pois o personagem cativa o público que espera ansiosamente pelas novas aventuras ou o desfecho que esse exemplo de vida vai passar.
Compara-se o filme de David Fincher com Forrest Gump - O Contador de Histórias (1994), de certo modo há uma mesma estrutura. A do contador de histórias, uma vida sendo destrinchada, momentos lúdicos dessa vida como também a presença de diversos personagens com exemplos de como viver esta vida, situações inusitadas. Mas as semelhanças param por aí, são tramas diferentes, o filme de Tom Hanks possui mais humor, apesar de que Benjamin Button também utilizar-se deles, mas não há como acusá-lo de qualquer tipo de plágio. Além do mais, o diretor nos presenteia com seqüências criativas como o discurso do relojoeiro enquanto imagens de jovens na guerra retrocedem no tempo, ou a seqüência do tempo onde tudo poderia ser diferente por causa de poucos minutos.
A maquiagem do filme merece aplausos, principalmente a inicial do protagonista. Brad Pitt está irreconhecível. Como também a maquiagem de Cate Blanchett, quando a sua personagem se encontra em estado terminal, única maquiagem que ficou falsa como uma massa de modelar mal-feita foi a dessa mesma personagem quando está na faixa de 50 ou 60 anos. Além da veracidade transmitida pela maquiagem, ela dá outra vantagem que é a melhora da atuação, Brad Pitt cria uma criança velha, que apesar da aparência possui olhares de inocência e aquele morder de lábios de uma criança que arrisca a conhecer o mundo. O problema é quando retira-se a maquiagem e vemos no ator o sua expressão habitual de “bico” proeminente e seu olhar de cão abandonado.
O tempo é o grande conflito do filme, com o relojoeiro alertando do tempo desperdiçado dos jovens na guerra. O que fazer com o tempo que é oferecido para nós nesta vida? Precisamos aproveitá-la , conhecer o mundo e se errar ou se arrepender de algo que fez, não ter medo de recomeçar. Existem bilhões de outras vidas para serem conhecidas, não fomos criados para viver na eterna solidão e nem nos excluirmos por nossas diferenças. O Curioso Caso de Benjamin Button é uma lição de vida e um grande filme.
Nota: 9,5
Rafael Sanzio