sábado, 17 de janeiro de 2009

O Dia em que a Terra parou


Se os produtores pretendiam ser os pioneiros no assunto sobre os males que o ser humano provoca a Terra, eles estão um pouco atrasados, já há uma crescente consciência geral na sociedade para que seja freado esse ímpeto destrutivo da humanidade. O dia em que a Terra parou entra na onda dessa temática da preservação do nosso planeta, mas diferente de produções como Uma verdade inconveniente, o longa coloca esse tema como pano de fundo para uma história sobre os dois lados do ser humano, o destrutivo e o amor.


Na trama, uma esfera gigante pousa nos EUA, de dentro dela sai Klaatu (Keanu Reeves) e seu robô gigante. O extraterrestre alerta que veio salvar a Terra da destruição, ou seja, precisa exterminar seus destruidores. Cabe a Dr. Helen Benson (Jennifer Connelly) convencê-lo do contrário, enquanto o exército americano tenta destruir o robô gigante. O dia em que a Terra parou é uma refilmagem do filme de mesmo nome de 1951, durante o longa podemos notar que em algumas cenas de suspense incide uma trilha sonora parecida com aquelas clássicas de filmes de alienígenas da década de cinqüenta.


Realmente não poderia deixar de falar da atuação sem emoção de Keanu Reeves, apesar de estar condizente com o personagem, mas sabemos até que ponto é o nível de interpretação do astro, tanto que muitas expressões utilizadas neste filme podem ser vistas em outros como na trilogia Matrix e nesse último caso, essas mesmas expressões eram usadas para exprimir sentimentos. Quanto à beldade Jennifer Connelly, ela representa toda carga emocional do ser humano, dúvidas, frustrações, amor e convenhamos, a escolha da atriz foi acertada, já que ela já acalmou uma fera raivosa e irracional (Hulk) seria um trabalho fácil tocar o coração de uma alienígena, aparentemente sem emoção, com aqueles belos olhos azuis.


Na fase de produção dessa refilmagem , foi criada certa expectativa sobre o robô gigante. No filme, ele causa uma certa estranheza a princípio, contudo no desenvolver da trama, é criada uma solução que faz uma clara analogia a uma das pragas bíblicas. É nesse momento também que o filme se assemelha muito aos filmes catástrofes de Roland Emmerich. Os alienígenas aqui fazem parte da convenção geral dos filmes do gênero que acham que eles apenas são avançados na tecnologia, não apresentam emoções, como em Os Esquecidos (2004) ou qualquer filme de alienígenas + destruição da Terra. É tão difícil aceitar que se são avançados, seriam evoluídos em todos os aspectos?



O dia em que a Terra parou apresenta mais do mesmo que se pode esperar de um filme de invasão do planeta. O exército tentando, em vão, destruir a ameaça extraterrestre. E nesse filme, em particular, os personagens militares estão mais caricaturados que os outros, evidenciando muito mais a burrice dos mesmos. Em uma seqüência onde a representante do governo americano conversa por telefone com o presidente do seu país, não dá para não imaginar o “amante da guerra” George W. Bush do outro lado da linha. Apesar disso, o filme diferencia-se por não usar do famigerado patriotismo americano, mostrando os americanos como arrogantes e que se acham senhores do mundo, tanto que podemos ver a influência negativa desse modo de vida americano na personalidade do enteado da médica, Jacob Benson, ou mesmo na seqüência onde o personagem de Keanu Reeves pergunta a Kathy Bates se ela falava por todos os líderes mundiais e ela responde enfaticamente que representava os Estados Unidos da América, como se fosse um sim para a pergunta do extraterrestre. Outro ponto interessante do roteiro é a forma que Klaatu usa seus poderes durante o desenvolvimento da história, bem interessante a inversão de posições na seqüência do detector de mentiras.


No final das contas, o filme é mediano, ganhando esse título por não se arriscar em focar a trama apenas em Klaatu, na sua jornada em descobrir os motivos pelos os quais os humanos devem ser poupados. O diretor Scott Derrickson (O Exorcismo de Emily Rose) opta pelo equilíbrio entre as seqüências de suspense e drama com o alienígena e a doutora e as de ação com o exército, essa última deixa de ser interessante por ser previsível demais. O filme vale mais como um alerta a humanidade sobre os riscos que correm se continuar com a degradação do planeta, mas se já sabemos disso, ver Klaatu em ação nos ajuda a manter o interesse no longa.



Nota: 7,5



Rafael Sanzio

Nenhum comentário: