Como sempre falo, não gosto de ficar comparando o livro com o filme. São duas mídias diferentes na sua forma de expressar, que nem sempre podem ter uma mesma dinâmica de apresentação de personagens, história, trama. Mas dessa vez vou ter que fazer algumas comparações. A trama de Anjos e Demônios (2009) aborda a batalha entre a ciência e religião, levantando questões como a possível e inevitável junção dessas duas forças no mundo contemporâneo e apresentando aqueles que definitivamente não querem que isso aconteça.
A história do filme (diferente do livro) passa-se logo depois dos eventos de O Código Da Vinci (2006). Robert Langdon (Tom Hanks) é chamado pelo Vaticano para investigar o desaparecimento de quatro cardeais, sua presença é requerida pois esses desaparecimentos podem ter sido causados por um velho inimigo da Igreja, uma sociedade secreta chamada Illuminati. Cabe a Langdon correr contra o tempo antes que as ameaças dessa antiga sociedade tornem-se reais e todo o vaticano seja destruído.
Para quem gostou do primeiro vale um alerta. Esse novo filme é muito mais cheio de ação, apesar de ser lógica essa premissa, pois Langdon está correndo contra o tempo e não pode ser desperdiçado com horas decifrando enigmas ou passando uma tarde inteira relatando sobre fatos históricos. E como não é um livro para acrescentar detalhes sem medo de fazer quem assiste dormir, Anjos e Demônios preza muito mais pela ação.
"Ciência, você está aí?"
Apesar de a trama estar envolvendo a luta da ciência em oposição a religião, no filme (porque no livro a ciência e religião estão bem equilibrados) falta mais por parte da ciência. Ela só é usada apenas para tecer o perfil da sociedade secreta dos Illuminati. A personagem Vittoria Vetra (Ayelete Zurer) definitivamente não representa bem a ciência, mesmo despejando diversos termos técnicos para os policiais do vaticano. É mais do que evidente essa escolha do diretor Ron Howard (Uma Mente Brilhante, O Código Da Vinci) quando aceitou o corte do personagem Maximillian Koller, o representante máximo da ciência na trama do livro de Dan Brown.
Anjos e Demônios não é ruim, a direção de Ron Howard trabalha bem com a ação e a edição (Daniel P. Hanley e Mike Hill) do filme, mas o desenvolvimento do roteiro de David Koepp e Akiva Goldsman não consegue elevar o nível para não mais que um filme aventura/ação contemporâneo. Nos moldes de A Lenda do Tesouro Perdido (2004) com mais classe e com a sempre simpática atuação de Tom Hanks.
Nota: 8
Rafael Sanzio