sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A Saga Crepúsculo: Lua Nova


Em meio a gritos histéricos e fãs descontroladas, fui conferir a seqüência do filme Crepúsculo (2008), baseado no livro de Stephenie Meyer. O novo filme da saga dos vampiros Cullen evolui no que diz respeito a trama e na própria maneira de fazer cinema. Enquanto que o primeiro tinha ares de telefilme, o segundo filme deixa a modéstia de lado caprichando nos efeitos especiais e narrativa.


Na trama, Edward (Robert Pattinson) percebe que pode estar levando Bella (Kristen Stewart) a um caminho perigoso ficando ao seu lado, decide então abandoná-la e desaparecer de sua vida. Esta é a oportunidade para que Jacob (Taylor Lautner) firme os laços de amizade com ela, mas com isso Bella descobre mais seres sobrenaturais em sua vida, membros da reserva indígena são capazes de se transfigurar em lobos gigantescos. Bella se vê então entre uma antiga luta de vampiros contra lobos.


O que primeiro tenho que comentar é o aumento da qualidade do filme. Após o sucesso de Crepúsculo, os produtores investiram mais na seqüência, caprichando nos efeitos especiais. Os lobos ficaram bem feitos e a primeiro momento não há discrepância entre o real e o digital como acontece em King Kong (2005) de Peter Jackson. Essa impressão de melhora do filme se deve ao fato da melhora da trama, com o acréscimo de elementos como os lobos e a sociedade vampiresca, deixando de ser apenas um romance entre uma humana e um vampiro. Lua Nova (2009) chegou ao nível mediano de filmes de ação e drama.


Com esse novo olhar, começa a mudar também a forma narrativa. Timidamente o diretor Chris Weitz abre espaço a novas possibilidades, digo timidamente, pois mexer em uma série com tantos fãs histéricos pode ser perigoso. Ele acerta em detalhar ou explanar visualmente momentos do livro como na seqüência em frente ao quadro com Edward narrando a história dos Volturi ao mesmo tempo em que a imagem mostra a história dos mesmos, recurso utilizado em filmes épicos o que mostra como Lua Nova é tratada com mais grandiosidade em comparação ao primeiro. Chris Weitz utiliza-se também de flashbacks, mas o que poderia ser cansativo se ele fosse didático demais, torna-se compreensível já que ele escolhe por rápidos vislumbres do passado.


Já falei das fãs histéricas? Bem, elas não precisam de motivos para gritar, mas o filme concede momentos para isso. É perceptível essa intenção ao colocar Edward caminhando em câmera lenta ou Jacob sem camisa na chuva ou em qualquer lugar. O diretor também acerta com a narrativa na seqüência onde Bella está deprimida e vai passando os meses com ela na mesma posição, essa elipse é bem empregada aqui, ficaria perfeito se não mostrasse a legenda dos meses fazendo com que a passagem do tempo fosse notada apenas pela paisagem na janela.



A nova safra de atores dá um novo gás a trama, principalmente nas fileiras dos Volturi. Michael Sheen (Aro) está delicado e confortável no papel, o mesmo pode-se dizer de Christopher Heyerdahl (Marcus) e Jamie Campbell Bower (Caius). Dakota Fanning (Jane) trás seu rosto inocente para uma personagem diabólica. Robert Pattinson não mudou nada, com suas expressões esquisitas que parece ter comido algo estragado, Kristen Stewart continua mordendo os lábios, Taylor Lautner oferece vitalidade e calor a trama da mesma forma que seu personagem. Billy Burke (Charlie Swan) tornou-se o alívio cômico e não desagrada dessa maneira. O núcleo que ficou realmente decepcionante foram os lobos, não passando mais do que quatro caras que só vivem sem camisa.


A fidelidade com o livro é quase total. Com algumas liberdades aqui e ali, a saga Crepúsculo agrada aos fãs e entre finalmente na categoria de filme para cinema. Agora para cinéfilo que se preze vai um conselho: se pretende mesmo assistir o filme, escolha a última sessão, caso contrário você vai apenas ver e ler o filme enquanto adolescentes histéricas gritam na fila atrás de você.



Nota: 8



Rafael Sanzio

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Os Fantasmas de Scrooge - Recomendo!


Robert Zemeckis começou com a tecnologia 3-D estereoscópico com captura de movimento com O Expresso Polar (2004), passando para A Lenda de Beowulf (2007) e finalmente chegando com Os Fantasmas de Scrooge (2009). Nota-se a evolução do trabalho de Zemeckis com esse tipo de animação, no início soava falso e os movimentos artificiais, com Beowulf o diretor trabalhou a movimentação e a textura dos personagens e com essa nova animação Robert Zemeckis chega a um novo patamar com um trabalho admirável e belo.


Um conto de Natal é uma das obras criadas por Charles Dickens em 1843, fora adaptado diversas vezes para desenhos, cinema e quadrinhos. A história acompanha o avarento senhor Scrooge, que odeia o natal e considera que devemos passar nossos dias pensando em poupar dinheiro ao invés de celebrar qualquer tipo de coisa nessa vida. Seu rancor chega até um ponto que é necessário a intervenção dos fantasmas do natal passado, presente e futuro numa tentativa de mudar o coração do velho rabugento e com isso salvar sua alma e o natal de muitas pessoas. Para quem já viu muitos natais, essa história de Dickens já é bem conhecida, Zemeckis não a atualiza, mas a renova com o estilo de sua apresentação em animação 3-D.


Animação está bem trabalhada em todas as suas cenas e há um primor em especial no personagem de Jim Carrey, Sr. Scrooge. É impressionante os traços, rugas, pequenas tremidas de lábios que apresenta a face de Jim Carrey, com tamanha atenção ao personagem principal os demais podem parecer mais caricatos e artificiais. Aqui no Brasil a dublagem do protagonista ficou ao encargo de Guilherme Briggs que consegue manter o ritmo da obra sem cometer deslizes. Mas a animação prima tanto pelo realismo que os cinemas (ao menos aqui na cidade) deveriam ter aberto uma exceção e veiculado mais cópias legendadas de Os Fantasmas de Scrooge, como conferi apenas a versão dublada, não posso testemunhar se a dublagem de Jim Carrey está exageradamente afetada nos personagens que interpreta.



E como o termo “animação” é erroneamente ligado a crianças, definitivamente vale o aviso, Os Fantasmas de Scrooge não tem como público alvo crianças. O ambiente é sombrio e taciturno, até mais que A Lenda de Beowulf pois este prima pela ação ininterrupta, a animação de Zemeckis confere ao espectador momentos de sustos e morbidez, ligados ao realismo da fotografia e animação o filme proporciona momentos de terror psicológico em seu começo e cenas de uma crueza horripilante, como na seqüência do fim do espírito do natal presente e a apresentação dos seus dois filhos.


Uma desvantagem maior é apresentada para aqueles que não assistem a versão 3-D, há diversas seqüências que favorecem esse tipo de formato, que se tornam longas demais para aqueles que não estão na mesma sintonia 3-D. Exemplo disso é a seqüência com o espírito do natal presente em seu passeio com Scrooge em sua casa flutuante sem chão.


Apesar disso Os Fantasmas de Scrooge não deve ser deixado de ser visto na tela grande do cinema. O esmero com que Zemeckis trabalhou nessa obra é evidente em cada ruga de Scrooge. Uma história clássica de natal que vale a ida ao cinema por sua estética impressionante e realista.



Nota: 9


Rafael Sanzio

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Animação em Dose Dupla

Tive a oportunidade de conferir duas animações: Tá Chovendo Hamburguer (2009) dos diretores Chris Miller e Phil Lord e Os Fantasmas de Scrooge (2009) de Robert Zemeckis. O interessante desta oportunidade foi de analisar a diferença da forma dos filmes e da semelhança que existe entre eles.

De um lado um filme despretensioso e simples, que mostra sua falta de pretensão nos traços de seus personagens e na preocupação de fazer rir com boas gags e tiradas cômicas. Já o novo filme de animação de Robert Zemeckis prima pela perfeição dos traços dos personagens, dando-lhes uma verossimilhança com a textura humana cada vez mais real.


A semelhança entre essas duas animações é o fato de disporem da versão em 3D e que já está virando uma regra para as animações futuras, o que deixa para trás os cinemas que não possuem suporte para esse tipo de sala. Os diretores já montam longas seqüências que fazem o público de animação 3D saltar da poltrona, enquanto que para os demais usuários normais torna-se enfadonha por não estarem sentindo a mesma emoção que teriam em 3D.


Se é por esse caminho que segue o futuro das animações, é necessário maior empenho dos cinemas para garantir ao menos uma sala que suporte a tecnologia 3D para o bem dos cinéfilos que querem sentir toda emoção que o diretor propôs ao criar seu filme.



Rafael Sanzio