Robert Zemeckis começou com a tecnologia 3-D estereoscópico com captura de movimento com O Expresso Polar (2004), passando para A Lenda de Beowulf (2007) e finalmente chegando com Os Fantasmas de Scrooge (2009). Nota-se a evolução do trabalho de Zemeckis com esse tipo de animação, no início soava falso e os movimentos artificiais, com Beowulf o diretor trabalhou a movimentação e a textura dos personagens e com essa nova animação Robert Zemeckis chega a um novo patamar com um trabalho admirável e belo.
Um conto de Natal é uma das obras criadas por Charles Dickens em 1843, fora adaptado diversas vezes para desenhos, cinema e quadrinhos. A história acompanha o avarento senhor Scrooge, que odeia o natal e considera que devemos passar nossos dias pensando em poupar dinheiro ao invés de celebrar qualquer tipo de coisa nessa vida. Seu rancor chega até um ponto que é necessário a intervenção dos fantasmas do natal passado, presente e futuro numa tentativa de mudar o coração do velho rabugento e com isso salvar sua alma e o natal de muitas pessoas. Para quem já viu muitos natais, essa história de Dickens já é bem conhecida, Zemeckis não a atualiza, mas a renova com o estilo de sua apresentação em animação 3-D.
Animação está bem trabalhada em todas as suas cenas e há um primor em especial no personagem de Jim Carrey, Sr. Scrooge. É impressionante os traços, rugas, pequenas tremidas de lábios que apresenta a face de Jim Carrey, com tamanha atenção ao personagem principal os demais podem parecer mais caricatos e artificiais. Aqui no Brasil a dublagem do protagonista ficou ao encargo de Guilherme Briggs que consegue manter o ritmo da obra sem cometer deslizes. Mas a animação prima tanto pelo realismo que os cinemas (ao menos aqui na cidade) deveriam ter aberto uma exceção e veiculado mais cópias legendadas de Os Fantasmas de Scrooge, como conferi apenas a versão dublada, não posso testemunhar se a dublagem de Jim Carrey está exageradamente afetada nos personagens que interpreta.
E como o termo “animação” é erroneamente ligado a crianças, definitivamente vale o aviso, Os Fantasmas de Scrooge não tem como público alvo crianças. O ambiente é sombrio e taciturno, até mais que A Lenda de Beowulf pois este prima pela ação ininterrupta, a animação de Zemeckis confere ao espectador momentos de sustos e morbidez, ligados ao realismo da fotografia e animação o filme proporciona momentos de terror psicológico em seu começo e cenas de uma crueza horripilante, como na seqüência do fim do espírito do natal presente e a apresentação dos seus dois filhos.
Uma desvantagem maior é apresentada para aqueles que não assistem a versão 3-D, há diversas seqüências que favorecem esse tipo de formato, que se tornam longas demais para aqueles que não estão na mesma sintonia 3-D. Exemplo disso é a seqüência com o espírito do natal presente em seu passeio com Scrooge em sua casa flutuante sem chão.
Apesar disso Os Fantasmas de Scrooge não deve ser deixado de ser visto na tela grande do cinema. O esmero com que Zemeckis trabalhou nessa obra é evidente em cada ruga de Scrooge. Uma história clássica de natal que vale a ida ao cinema por sua estética impressionante e realista.
Nota: 9
Rafael Sanzio
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