Existem filmes que vão direto para DVD não tendo forças suficientes para embarcar em uma temporada nas salas de cinema. Isso acontece porque a distribuidora acha que o filme em questão não vai atrair o grande público. Esse fato define o filme como uma obra ruim? Não. É o caso do filme O Psicólogo (2009), apesar de concordar que o longa-metragem não faria uma boa bilheteria ele é um bom filme para se assistir em casa com a família oferecendo-nos Kevin Spacey como protagonista.
O filme mostra a vida de Henry Carter (Kevin Spacey) psicólogo de estrelas de Hollywood que precisa enfrentar a perda da esposa. Como um tipo de terapia, o pai de Henry (Robert Loggia) resolve passar uma paciente “normal” para o psicólogo. Com esse novo tipo de paciente Carter vai perceber se ainda pode curar pessoas ou não.
Seguindo a mesma estrutura narrativa de filmes como Crash (2004), Simplesmente Amor (2003) e Banquete do Amor (2008), o longa-metragem do diretor Jonas Pate nos fornece uma quantidade considerável de personagens que estão ligados de uma maneira ou de outra ao psicólogo do título. O fato de ter vários personagens propõe uma dinâmica na narrativa, mas sofre na superficialidade com que é tratada cada história individual.
Graças a atuação de Kevin Spacey seu personagem não sofre com a superficialidade narrativa, o ator de Beleza Americana consegue transmitir o vazio que o psicólogo sente com a perda da mulher, mesmo que talvez seja considerado fácil interpretar um “chapado”. Robin Williams faz uma participação na filme e continua na sua tentativa de interpretar personagens adultos e verossímeis.
O tom do filme é melancólico e letárgico, entrando em sintonia com a tristeza e torpor ao qual Henry Carter está, podemos perceber isso com os ângulos de câmera quase nunca fixos. O que surpreende no filme é seu otimismo no desfecho da trama, talvez para paralelizar com as histórias tristes que descambam para a tragédia, mas acreditar na bondade geral de astros de Hollywood problemáticos, só em um filme sobre um psicólogo.
O longa mostra que psicólogos são tão problemáticos quanto seus pacientes, afinal, são humanos como nós. O que difere um bom psicólogo de um ruim é que ele tenta enfrentar seus problemas ao invés de construir a ilusão de que nada pode atingi-lo.
Nota: 8,5
Rafael Sanzio
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