quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Conan, o Bárbaro (Conan)



Muitos estão comparando esse novo Conan (2011) com o filme de 1982 com Arnold Schwazenegger. Temos que encarar que aqui é uma nova proposta, da mesma forma que o filme com o ex-governador da Califórnia foi, porque, quem acha que aquele Conan se parecia com o personagem do autor Robert E. Howard no qual foi baseado, está bem enganado.

Na trama conhecemos Conan (Jason Momoa), nascido na guerra e feito para matar. Desde criança (Leo Howard) mostrou habilidade incríveis para a batalha. Até que um dia sua tribo é dizimada por Zym (Stephen Lang), que busca juntar os pedaços de uma máscara antiga para ressuscitar sua esposa. Conan cresce alimentando essa vingança, bem como aperfeiçoando suas habilidades com a espada para ser digno de usar o artefato criado pelo pai.

O roteiro vocês sabem o que esperar. O que foi a crítica negativa de alguns não me influenciou, o divertido de Conan são as quantidades de vilões que ele tem que estripar, cada um com uma característica diferente, apesar de não serem bem desenvolvidos na interpretação, são melhores aproveitados do que os vilões coadjuvantes de filmes como Electra (2005) e Motoqueiro Fantasma (2007). O que incomoda é o fato de uma não explicação lógica para as tribos não destruírem a máscara, porque se ela foi despedaça poderia muito bem ser destruída, queimada etc.

"Sim, a grande máscara que não dá poder algum! Bwahaahaha!" 

O destaque da produção é do ator Leo Howard, o jovem que faz Conan quando criança rouba a cena do filme, ficamos até imaginando como seria as aventuras de Conan nessa idade. Mas Jason Momoa é um bom Conan? Ele não lembra Khal Drogo, seu personagem na série da HBO Games of Thrones. Ele criou um personagem forte, mas há mais deslizes em sua interpretação do que um equilíbrio do personagem Conan deveria ser. Os vilões estão caricatos, forçados e esquecíveis.

A direção de Marcus Nispel acerta no tom da violência, não exagerando nem saindo de linha. Talvez a cena inicial choque, mas poderia ser bem pior. A montagem é fraca, é decepcionante o trabalho de continuidade do longa. Uma hora o bárbaro está lutando à cavalo em outra ele está perseguindo e dessa vez bem lá atrás do oponente. Não há uma ligação coerente entre as cenas, percebemos que há takes diferentes de uma mesma sequencia.

Com um final totalmente anticlímax, pois a batalha com o Khalar Zym deveria realmente ser uma batalha em um lugar grandioso, Conan consegue ser um filme mais equilibrado que seu antecessor, mas possui vários defeitos provenientes do gênero.

Nota: 6

Rafael Sanzio

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Cowboys & Aliens (Cowboys and Aliens)


Mente aberta. É o que precisa ter para assistir Cowboys & Aliens (2011). Uma das críticas negativas ao filme foi o fato de que ao juntar o gênero western com sci-fi o diretor Jon Favreau não conseguiu agradar a nenhum dos fãs dos dois gêneros. O que acontece aqui é que o filme não é um western e sim um filme de ficção científica, por mais que aconteça no ano de 1873. Dito isso, a boa vontade tem que partir dos fãs do gênero faroeste e engolir as explicações científicas que acontecem durante todo longa-metragem.

Um cowboy (Daniel Craig) acorda no meio do deserto sem ter qualquer memória de quem é ele, possuindo apenas um estranho bracelete de metal em seu pulso. Já na cidade, descobre ser um foragido da lei e entra em confronto com o Coronel Woodrow Dolarhyde (Harrison Ford). Antes que tudo acabe em sangue, alienígenas invadem a cidadezinha e começa o ataque aos seres humanos. Com essa nova ameaça, o Cowboy sem memória precisa lembrar de seu passado e enfrentar essas criaturas do espaço.

Admitindo meu apreço pelo gênero western, posso dizer que a trama em seus momentos iniciais é bem envolvente, com a trilha sonora típica do gênero. É interessante como o roteiro insere os alienígenas em uma primeira aparição misteriosa digna das histórias de abdução alien. Infelizmente o mistério é pouco, não temos tempo de absorver aquelas aparições e nem o clima de faroeste, pois em poucas cenas somos jogados em uma aventura científica com os alienígenas atacando a todo o momento. Passado essa estranheza inicial, nos acostumamos com essa mistura de gêneros (e é preciso se acostumar ou então você pode odiar cada minuto do filme), com os clichês de ambos os lados (aliens com couraça protegendo sua verdadeira forma e personagens típicos de uma trama de faroeste). Difícil é ver algumas forçadas no roteiro para o avanço da história, como a total aceitação imediata do protagonista a uma revelação na trama, não posso dizer sem dar spoiler, mas ficamos com a expressão “vai engolir essa desculpa?!”.

No quesito interpretação Daniel Craig está uma porta em relação a emoção. Harrison Ford mostra seu lado rabugento (que é proveniente de sua personalidade normal) e com momentos emocionantes, bastando uma expressão facial do ator veterano para sabermos o que está acontecendo com o personagem. Outra interpretação que talvez tenha passado despercebida é a do ator Adam Beach (Nat Colorado), o personagem contém uma grande carga emocional , em poucas cenas ele consegue transpor seus conflitos para a tela e suas cenas com Harrison Ford são emocionantes com seus subtextos. Fica ao encargo de Sam Rockwell (Doc) e o padre o alívio cômico do filme. Já Olivia Wilde (Ella Swenson) empresta apenas sua beleza ao longa.

"Caraca, poderiam ter esperado mais um pouco..."

Mas o filme é bom ou ruim? Há uma explicação rasa, mas lógica, para a chance de sucesso da raça humana daquela época contra alienígenas mais desenvolvidos. Fãs do gênero sci-fi vão torcer o nariz, pois a maioria dos filmes de invasão alienígena atuais, o exército americano custa para ganhar, mas lembrem-se, geralmente as invasões da época atual já são em escala total e as infiltrações aliens de reconhecimento da Terra já tinham sido feitas. Já para o clima faroeste, depois de um tempo, fica interessante ver os clichês do gênero inserido nessa loucura espacial.

A trilha sonora de Harry Gregson-Williams fica ao lado do clima de faroeste, funcionando em quase todos os momentos, apenas em algumas sequencias o tom fica “aventuresco” demais, como na cena desnecessária de pulo na aeronave. Talvez ter Indiana Jones no elenco influenciou na escolha dos tons das músicas.

Cowboys & Aliens não é um faroeste, pois ficamos com a sensação estranha durante todo filme que o gênero foi maculado por uma invasão alienígena. Cowboys & Aliens é uma ficção científica, só assim para absorver algumas explicações, mas mesmo assim acredito que os fãs do gênero pensarão “perder para cowboys, como?!”. Entre raios e balas, Cowboys & Aliens pode não ter acertado ninguém.

Nota: 6

Rafael Sanzio




segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Padre - Sem Cortes (Priest)



Superficialmente baseado na HQ coreana de Hyung Min-Woo (na verdade só pegou o nome e a tatuagem no rosto), Padre (2011), confere uma visão alternativa ao mito dos vampiros, tornando-os mais animalescos e sem qualquer charme proveniente de outros filmes. A direção de Scott Charles Stewart não exagera na violência e nem na falta dela, conferindo ao longa-metragem um equilíbrio na ação que agrada tanto a audiência adulta como jovem.

A guerra entre humanos e vampiros sempre existiu. Passando por gerações, os vampiros sempre possuíram a vantagem por serem mais fortes que seus inimigos, mas, a luz do sol impedia a aniquilação total da raça humana. A balança pendeu quando um grupo de guerreiros criados pela Igreja, chamados de padres, surgiram com a força necessária para derrotar os vampiros. Agora com a ameaça controlada, os Padres foram colocados no esquecimento, mas um deles (Paul Bettany) precisará reutilizar suas habilidades para salvar sua sobrinha de uma possível volta dos vampiros.

Primeiramente, é triste para os fãs do mangá (HQ oriental) serem enganados dessa forma. Se realmente gostaram do nome da série coreana, ao menos não anunciem como adaptação e nem sequer que seja baseado se não tiver NADA baseado, exageram quando informaram que era baseada LIVREMENTE, nossa... foi bem livre mesmo! Ao menos o filme em si não se considera uma adaptação, já que toma um viés totalmente diferente da trama dos quadrinhos. A única homenagem identificada é a introdução em desenho animado, que por sinal ficou excelente. Quanto a história, é interessante ver uma faceta diferente dos vampiros que estamos acostumados. Com exceção de Black Hat (Karl Urban) que representa o vampiro que a plateia desse tipo de filme reconhece. As influências visuais da película e estética gráfica do cenário lembram muito os filmes Blade Runner (1982) e Mad Max Além da Cúpula do Trovão (1985) para as cidades e deserto respectivamente. O que incomoda no roteiro é o fato de não explicarem o porquê da não destruição dos vampiros quando estes foram dominados, talvez a resposta tenha ficado para uma possível sequencia, mas um filme precisa ser completo, por mais que uma pretensão de outro filme esteja preparada.


Paul Bettany é sempre esforçado em seus papéis. Aqui o personagem mistura a angústia das privações que sofreu, com a sede de luta que foi treinado para ter. Lembra as misturas do seu personagem Silas em O Código da Vince (2006) e Dedo Empoeirado (que nome...) em Coração de Tinta – O Livro Mágico (2008). Karl Urban está à vontade como Black Hat, apesar de se resguardar como apenas o inimigo que conta vantagem até a luta final. Já a atuação sofrível de Cam Gigandet (Hicks) é necessária pelo seu personagem estar ali como muleta para as explicações e ensinamentos do mundo para o público que assiste ao filme.

Os efeitos especiais estão bons, com exceção de algumas cenas com a locomotiva, mas lutas e sincronia entre o CG e os atores reais estão bem feitas. Os vampiros lembram um dos monstros do filme Doom – A Porta do Inferno (2005), mas um pouco menos anabolizado.

Infelizmente não pude conferir este filme em 3D, mas como uma produção de entretenimento Padre realiza com sucesso seu intuito. Divertido e bem feito, um filme de ação sobrenatural que não traz nada de novo em quesito atuação ou roteiro, mas é uma opção para uma sessão descompromissada e sem preconceitos.

Nota: 7

Rafael Sanzio