Mente aberta. É o que precisa ter para
assistir Cowboys & Aliens (2011).
Uma das críticas negativas ao filme foi o fato de que ao juntar o gênero
western com sci-fi o diretor Jon Favreau não conseguiu agradar a nenhum dos fãs
dos dois gêneros. O que acontece aqui é que o filme não é um western e sim um
filme de ficção científica, por mais que aconteça no ano de 1873. Dito isso, a
boa vontade tem que partir dos fãs do gênero faroeste e engolir as explicações
científicas que acontecem durante todo longa-metragem.
Um cowboy (Daniel Craig) acorda no meio do
deserto sem ter qualquer memória de quem é ele, possuindo apenas um estranho
bracelete de metal em seu pulso. Já na cidade, descobre ser um foragido da lei
e entra em confronto com o Coronel Woodrow Dolarhyde (Harrison Ford). Antes que
tudo acabe em sangue, alienígenas invadem a cidadezinha e começa o ataque aos
seres humanos. Com essa nova ameaça, o Cowboy sem memória precisa lembrar de
seu passado e enfrentar essas criaturas do espaço.
Admitindo meu apreço pelo gênero western,
posso dizer que a trama em seus momentos iniciais é bem envolvente, com a
trilha sonora típica do gênero. É interessante como o roteiro insere os
alienígenas em uma primeira aparição misteriosa digna das histórias de abdução
alien. Infelizmente o mistério é pouco, não temos tempo de absorver aquelas
aparições e nem o clima de faroeste, pois em poucas cenas somos jogados em uma
aventura científica com os alienígenas atacando a todo o momento. Passado essa
estranheza inicial, nos acostumamos com essa mistura de gêneros (e é preciso se
acostumar ou então você pode odiar cada minuto do filme), com os clichês de
ambos os lados (aliens com couraça protegendo sua verdadeira forma e
personagens típicos de uma trama de faroeste). Difícil é ver algumas forçadas
no roteiro para o avanço da história, como a total aceitação imediata do
protagonista a uma revelação na trama, não posso dizer sem dar spoiler, mas
ficamos com a expressão “vai engolir essa desculpa?!”.
No quesito interpretação Daniel Craig está
uma porta em relação a emoção. Harrison Ford mostra seu lado rabugento (que é
proveniente de sua personalidade normal) e com momentos emocionantes, bastando
uma expressão facial do ator veterano para sabermos o que está acontecendo com
o personagem. Outra interpretação que talvez tenha passado despercebida é a do
ator Adam Beach (Nat Colorado), o personagem contém uma grande carga emocional
, em poucas cenas ele consegue transpor seus conflitos para a tela e suas cenas
com Harrison Ford são emocionantes com seus subtextos. Fica ao encargo de Sam
Rockwell (Doc) e o padre o alívio cômico do filme. Já Olivia Wilde (Ella Swenson)
empresta apenas sua beleza ao longa.
"Caraca, poderiam ter esperado mais um pouco..."
Mas o filme é bom ou ruim? Há uma
explicação rasa, mas lógica, para a chance de sucesso da raça humana daquela
época contra alienígenas mais desenvolvidos. Fãs do gênero sci-fi vão torcer o
nariz, pois a maioria dos filmes de invasão alienígena atuais, o exército
americano custa para ganhar, mas lembrem-se, geralmente as invasões da época
atual já são em escala total e as infiltrações aliens de reconhecimento da
Terra já tinham sido feitas. Já para o clima faroeste, depois de um tempo, fica
interessante ver os clichês do gênero inserido nessa loucura espacial.
A trilha sonora de Harry Gregson-Williams
fica ao lado do clima de faroeste, funcionando em quase todos os momentos,
apenas em algumas sequencias o tom fica “aventuresco” demais, como na cena
desnecessária de pulo na aeronave. Talvez ter Indiana Jones no elenco
influenciou na escolha dos tons das músicas.
Cowboys
& Aliens não é um
faroeste, pois ficamos com a sensação estranha durante todo filme que o gênero
foi maculado por uma invasão alienígena. Cowboys
& Aliens é uma ficção científica, só assim para absorver algumas explicações,
mas mesmo assim acredito que os fãs do gênero pensarão “perder para cowboys,
como?!”. Entre raios e balas, Cowboys
& Aliens pode não ter acertado ninguém.
Nota:
6
Rafael
Sanzio
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