sexta-feira, 28 de novembro de 2008

O Sonho de Cassandra

Faz um bom tempo que Woody Allen deixou para trás o favoritismo de Nova York para as locações de seus filmes, além de que ele vez ou outra produz um filme diferente das suas usuais produções cômicas. Como em Ponto Final - Match Point (2005), que aborda um tema mais denso de suspense, traições e assassinato. O Sonho de Cassandra (Cassandra's Dream, 2007) é o terceiro longa rodado em Londres e é um suspense dramático.

Ewan McGregor e Colin Farrel interpretam dois irmãos que passam por um momento da vida onde precisam de dinheiro para resolver seus problemas. O rico tio Howard (Tom Wilkinson), aparece para uma visita à irmã e, de uma salvação milagrosa, ele passa a ser o pivô de uma seqüência trágica de acontecimentos. Como em Antes que o Diabo Saiba que Você está Morto (2008), veremos como tudo pode dar errado num plano “infalível”.

É interessante analisar a diferença entre os dois irmãos. Ian (Ewan McGregor) está sempre pedindo carros emprestados da oficina do irmão, nós percebemos como ele é aproveitador e ganancioso. Enquanto isso, Terry (Colin Farrel) é um rapaz humilde que infelizmente é viciado em jogos. Quando a trama se desenvolve, percebemos o quanto Ian manipula o irmão e este sofre com sua consciência pesada por ter feito o servicinho para o Tio Howard. Há detalhes a acrescentar para a personalidade dos dois irmãos, como as definições dos pais para cada, colocando Ian como o cérebro dos dois. E no filme vemos que cérebro não é sinônimo de boa índole. Tanto que os motivos que levam Terry a aceitar a proposta do tio são completamente diferentes dos motivos de Ian, que ao meu ver, não precisariam de uma decisão tão drástica.

A Interpretação de Colin Farrel se destaca, nos deixa angustiados também, esperando ansiosamente pelo final do filme. O filme começa um pouco devagar, deixando seu grande trunfo para o suspense que impera da metade do filme para o final.


O Sonho de Cassandra tem início na compra do barco que fora batizado com o título do filme, nome este que era do cachorro de corrida que proporcionou o dinheiro para a compra do barco. E poeticamente o filme termina com o barco também, o local onde a união e a discórdia entre dois irmãos selaram seu destino.

O problema do filme é que sua proposição fala sobre escolhas certas e erradas. E o filme peca ao construir um desfecho, além de óbvio, incoerente por ter terminado não por uma escolha (certa ou errada), mas por uma finalização que foi deixada nas mãos do puro acaso. Um final que deixa muito a desejar.


Nota: 8


Rafael Sanzio

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