Mais um filme de super-herói com a visão sombria do mundo, como Batman - O Cavaleiros das Trevas (2008), em Watchmen (2009) não existe o bem ou o mal exatamente definidos, existe os tons de cinza que povoam a humanidade. Ninguém é perfeito, nem os super-heróis.
Baseado na Graphic Novel de Alan Moore, Watchmen segue a trajetória de um grupo de super-heróis. Não exatamente “super”, mas um grupo de pessoas mascaradass que usam de suas habilidades para combater o crime. A nostalgia do grupo é evidenciada com a quantidade de flashbacks, o que torna os momentos de conhecer a história dos personagens não-linear, deixando-nos a impressão de já conhecermos os heróis. O filme mantém a visão adulta da revista em quadrinhos, com violência e o sexo, que passa tão longe dos atuais filmes do gênero. Portanto, não foi uma surpresa desagradável saber que a censura ficou para mais de 18 anos.
O filme é uma visão inovadora dos tidos “super-heróis”, como seriam estes seres fantasiados no mundo real, com seus vícios e dificuldades em ver quem está certo ou errado. Criam criaturas psicopatas como o anti-herói Rorschach (Jackie Earle Haley), que por mais violento que seja, é um dos que imprimem maior carisma para o público. Há também o Dr. Manhattan (Billy Crudup), que pode ser uma representação degenerada do cansaço que Deus pode vir a ter com a auto-degradação da humanidade. Watchmen cria novos estereótipos de heróis para representar esse mundo de “verdade” onde nem sempre os heróis estão ali para salvar o dia.
Os perseguidores do diretor Zack Snyder podem continuar dizendo que não há mérito do diretor pela grande história do filme, mas há sim. Diferente de 300 (2006), que ao criar o arco totalmente novo da mulher de Leônidas, o filme perdeu mais pontos do que ganhou. Então, há mérito sim por ele não cometer o mesmo erro e manter-se fiel a Graphic Novel de Alan Moore. Existe as diferenças de uniformes, mas como o próprio diretor diz, no tempo da revista em quadrinhos, Alan Moore retratou o que via na época. Já o diretor do filme optou por fazer essa mesma referência com nossa época, fazendo uma analogia com os super-heróis atuais de filmes que usam roupas apertadas e brilhosas, possuindo até mamilos nas fantasias (vide Batman & Robin).
Mas nem tudo são flores, Zack Snyder exagera logo no início no uso da câmera lenta, o que já pode irritar alguns. Outro ponto que pode causar estranheza, é a performance da Espectral (Malin Akerman), com poses um tanto quanto constrangedoras para uma heroína. Além disso, ver aquela maquiagem de Nixon me lembrou dos tempos de Fofão, não sei por que...
A trilha sonora é bem eclética para retratar os anos que se passa a trama, em Watchmen quem se destaca é Rorschach, talvez por compartilhar do nosso pensamento de que não se deve perdoar aqueles criminosos que sempre querem matar o grupo e sempre são presos, mas o excesso de violência utilizado por ele muda um pouco nossa perspectiva que tínhamos ao ver outros heróis em ação.
Watchmen é um filme de super-heróis para adultos e para aqueles que queriam ver mais conteúdo, do que a velha fórmula: descobrir poderes, conhecer o vilão, derrotar o vilão e salvar o dia.
Nota: 9
Rafael Sanzio