Quando começaram as críticas sobre o filme O Lutador (The Wrestler, 2008) comparando a história de redenção do filme com a própria vida de Mickey Rourke, lembrei que os críticos falaram a mesma coisa do filme Rocky Balboa (2006). E como ambos retratam a vida de um lutador, comecei a achar que seguiriam o mesmo estilo, pensamento totalmente equivocado. Enquanto que Rocky vinha de uma série de filmes heróicos e finalizou sua carreira em glória e com a fama intacta, O Lutador é bem mais cruel e realista para um velho lutador de wrestler. Rocky lembra-se do seu passado com uma nostalgia sadia, enquanto Randy “The Ram” vive desesperadamente em função dele.
O novo filme do diretor Darren Aronofsky age quase como um documentário desse mundo dos lutadores de wrestler, enquanto acompanha o famoso lutador dos anos 80 Randy “The Ram” Robinson (Mickey Rourke) tentando sobreviver com os problemas de saúde e de dinheiro. Até que, ao sofrer um infarto, precisa encerrar a carreira e arranjar um emprego menos desafiador.
A trilha sonora define muito bem o que se passa na mente de Randy. Desde a abertura, com a música Bang Your Head (Metal Health) de Quiet Riot, para ilustrar que o período de fama de “The Ram” foi os anos 80, além de todas as músicas que ele escuta são desse mesmo período, ou seja, o velho campeão não quer esquecer seu passado de glória, cercando-se de lembranças daquele tempo. E ele não é o único em fim de carreira, a idade alcança Cassidy (Marisa Tomei) e os dois se encontram nesse mesmo dilema de tentar descobrir quando é a hora certa de parar.
O diretor usa um recurso muito simples mas extremamente eficaz para nos dar a verdadeira impressão de acompanhar a vida de Randy, muitas cenas são feitas apenas mostrando as costas do personagem, esse estilo de filmagem provoca uma interação muito maior por parte do público para com a história. Há uma seqüência também muito interessante, quando Randy vai começar seu novo trabalho, em off segue o som da torcida e com essa comparação com os momentos antes de iniciar uma luta, sabemos que Randy está nervoso e encara aquele trabalho simples como uma batalha que ele fica ansioso, mas logo começa a gostar e agradar ao público como fazia durante suas lutas.
Mickey Rourke realmente está ótimo no papel, os momentos de sentir dores e quase perder o fôlego deixam com dúvida se o ator não estava mesmo quase morrendo no set. Além disso, ver um homenzarrão chorar de vergonha e de redenção também é muito emocionante. O Lutador deveria ter sido tão bem reconhecido (com uma indicação a melhor filme) como o ator foi na premiação do Oscar, um filme bem dirigido e produzido.
Nota: 10
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