Para mim há três tipos de críticos de cinema. Àqueles que escrevem as críticas para outros críticos, aqueles que escrevem as críticas para os leitores em geral e aqueles que escrevem o que realmente acharam do filme. Desde a criação deste blog, eu tinha essa discussão na minha mente, pois me pergunto em qual dos três me encaixo.
O primeiro tipo de crítico é aquele que escreve com um pedantismo irritante e desnecessário a meu ver. É óbvio que ele não escreve uma crítica só para julgar um filme, mas escreve para demonstrar para outros críticos como foi capaz de encontrar erros num filme aparentemente bom ou se julga senhor da verdade, já que possui o poder de destruir um filme. Um exemplo estereotipado, mas não longe da realidade, de um crítico como esse é o personagem do filme Oito e Meio (1963) de Federico Fellini.
Devo dizer que realmente tenho medo de me tornar um crítico como esse, eu o julgo arrogante por usar termos técnicos demais, mas eu estou no começo do aprendizado para me tornar um crítico cinematográfico. Será que ao concluir minha formação poderei vir a ser essa criatura que tanto critico?
Admito que o segundo tipo era meu objetivo inicial. Acreditava que o verdadeiro crítico de cinema tinha como dever servir a população em indicar os filmes que ela gostaria de ver. Não importava se o crítico em si gostou ou não do filme, sua crítica deveria direcionar-se mais para o público, tentando extrair e analisar que tipos de pessoas iriam gostar do filme. Mas com o tempo vim a perceber que este não é o crítico ideal. Suas críticas não seriam “puras” não estaria expondo suas idéias, seu pensamento individual. Eu não quero trabalhar sempre usando expressões como “é um filme pipoca”, que tipo de profundidade tem isso? Deve existir mais respeito para as produções cinematográficas, a crítica deve ser muito mais que meia dúzia de frases de efeito.
É assim que chegamos ao terceiro tipo. Aquele crítico que diz o que achou do filme realmente. Não tenta ir como a maioria, mesmo que o filme tenha sido um sucesso de crítica, se ele não tiver gostado ele não esconde isso. O mesmo vale para filmes massacrados por críticos, se ele gostou então lá está ele elogiando o filme sem medo de arranhar sua reputação. A crítica para esse tipo não é um meio para ficar famoso entre seus pares ou não é um simples emprego que deve ser mantido. A crítica para ele vem do coração e da vontade de ser útil para as outras pessoas.
Portanto, há algo para ser captado nesse texto. Isso vale para todos os tipos de críticos, literários, cinematográficos, teatrais etc. Temos (me desculpem a falta de modéstia, mas já estou me incluindo na categoria) o poder de enaltecer ou destruir carreiras. É perigoso nas mãos daqueles que se deixam levar por tal poder. A crítica deve ser feita com naturalidade, sem pressões externas ou por motivações pessoais duvidosas. É preciso que entendamos que nossas críticas não são verdades absolutas, são nossas opiniões, cabe apenas ao povo decidir se concordam ou não. Cada um tem sua própria opinião. No final das contas somos apenas ferramentas para evitar que os outros percam tempo assistindo produções horríveis que aparecem no circuito cultural.
Rafael Sanzio
O primeiro tipo de crítico é aquele que escreve com um pedantismo irritante e desnecessário a meu ver. É óbvio que ele não escreve uma crítica só para julgar um filme, mas escreve para demonstrar para outros críticos como foi capaz de encontrar erros num filme aparentemente bom ou se julga senhor da verdade, já que possui o poder de destruir um filme. Um exemplo estereotipado, mas não longe da realidade, de um crítico como esse é o personagem do filme Oito e Meio (1963) de Federico Fellini.
Devo dizer que realmente tenho medo de me tornar um crítico como esse, eu o julgo arrogante por usar termos técnicos demais, mas eu estou no começo do aprendizado para me tornar um crítico cinematográfico. Será que ao concluir minha formação poderei vir a ser essa criatura que tanto critico?
Admito que o segundo tipo era meu objetivo inicial. Acreditava que o verdadeiro crítico de cinema tinha como dever servir a população em indicar os filmes que ela gostaria de ver. Não importava se o crítico em si gostou ou não do filme, sua crítica deveria direcionar-se mais para o público, tentando extrair e analisar que tipos de pessoas iriam gostar do filme. Mas com o tempo vim a perceber que este não é o crítico ideal. Suas críticas não seriam “puras” não estaria expondo suas idéias, seu pensamento individual. Eu não quero trabalhar sempre usando expressões como “é um filme pipoca”, que tipo de profundidade tem isso? Deve existir mais respeito para as produções cinematográficas, a crítica deve ser muito mais que meia dúzia de frases de efeito.
É assim que chegamos ao terceiro tipo. Aquele crítico que diz o que achou do filme realmente. Não tenta ir como a maioria, mesmo que o filme tenha sido um sucesso de crítica, se ele não tiver gostado ele não esconde isso. O mesmo vale para filmes massacrados por críticos, se ele gostou então lá está ele elogiando o filme sem medo de arranhar sua reputação. A crítica para esse tipo não é um meio para ficar famoso entre seus pares ou não é um simples emprego que deve ser mantido. A crítica para ele vem do coração e da vontade de ser útil para as outras pessoas.
Portanto, há algo para ser captado nesse texto. Isso vale para todos os tipos de críticos, literários, cinematográficos, teatrais etc. Temos (me desculpem a falta de modéstia, mas já estou me incluindo na categoria) o poder de enaltecer ou destruir carreiras. É perigoso nas mãos daqueles que se deixam levar por tal poder. A crítica deve ser feita com naturalidade, sem pressões externas ou por motivações pessoais duvidosas. É preciso que entendamos que nossas críticas não são verdades absolutas, são nossas opiniões, cabe apenas ao povo decidir se concordam ou não. Cada um tem sua própria opinião. No final das contas somos apenas ferramentas para evitar que os outros percam tempo assistindo produções horríveis que aparecem no circuito cultural.
Rafael Sanzio
Um comentário:
Retomando então, finalmente, o comentário que devia ter sido postado já a alguns dias - e não foi graças à um desentendimento do teclado com meus dedos.
Bom, o que eu pretendia nesse comentário era expor uma crítica à crítica. É interesante perceber que a imparcialidade é a maior de todas as utopias. Por isso acredito que por mais bem intencionado que seja o crítico, por mais que dedique-se a falar sobre o filme - peças, shows, livros, também se encaixam - de forma a auxiliar os que prentendem assisti-lo, duvido que consiga deixar seu texto livre de um detalhe que seja que possa comprometer o que seria uma "visão geral" do filme. A marca da opinião própria sempre aparece, e essa marca pode influenciar o possível espectador ainda mais do que o resto do texto.
Acabei de ler sua crítica sobre o documentário de Scorcese sobre os Rolling Stones. Era uma tanto desinteressada, fria até, não enaltecia nem rebaixava o filme. Na minha opinião é essa sua visão de desinteresse que fica, e não quaisquer outros detalhes, ou muito menos a visão geral. Imaginei qual seria a crítica de um fã dos Rolling Stones, ou ainda de um fã de Scorcese - ou pior: um fã dos dois! Seria, óbvio, completamente diferente, e por certo o incetivo a assistir o filme seria bem maior. Essa característica da crítica me parece uma constante em todos os críticos; todos os três tipos que você mencionou.
Postar um comentário