quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal - DVD



Cinco anos depois do terceiro Indiana Jones, começaram as perguntas sobre o quarto filme. Das três peças fundamentais, Harrison Ford, George Lucas e Steven Spielberg o último era o que mais resistia à idéia.

Somando mais 14 anos chega Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (2008). Sai os anos 30 no estilo de filmes de ação e aventura, entra os anos 50, época de filmes B com apelo de ficção científica com temas metafóricos evidenciando a Guerra Fria, a “ameaça vermelha”, paranóia e armas atômicas. A disputa entre americanos e soviéticos é demonstrada logo no início do filme com um racha aparentemente inocente.

O arqueólogo Henry Jones Jr. se vê em mais uma caçada à um tesouro perdido, depois que é obrigado a encontrar pistas da caveira de cristal, um artefato que seu amigo Prof. Oxley (John Hurt) procurava e acabou louco na tentativa. Enquanto parte na caça ao tesouro junto com um jovem metido a Marlon Brando em O Selvagem (1954), Jones é perseguido pelos soviéticos que buscam o poder que a caveira oferece ao seu usuário.

Como um bom filme B nada mais relevante tirar os nazistas para colocar como grande vilão os comunistas. Esses filmes americanos da década de 50 alardeavam o perigo do comunismo com filmes como Invasores de Marte (1953) (advinha quem os invasores representavam na realidade). Colocar os soviéticos como inimigos no filme acarretou no protesto do Partido Comunista da atual Rússia, que tentaram banir o filme das salas de cinema do país por distorcer a história e fazer propaganda anti-soviética.

Mas voltando ao filme, para um Harrison Ford de 65 anos, esse avanço no tempo foi necessário. E por falar em idade o ator não deixa tão à desejar em suas seqüências de ação, apesar de que eu achei que exageraram na quantidade de golpes e lutas só para mostrar que o velho Indy continua bom de briga. A atmosfera dos três primeiros filmes continua aqui. O barulho dos socos, a ação e o humor que acontece entre uma briga e outra. Há dois momentos que realmente retratam o clima dos filmes do arqueólogo, a seqüência da fuga absurda da cidade-teste e uma morte bizarra com formigas saúvas.




A proposta do filme e o enredo foram bem realizados (para um filme de Indiana Jones), contudo, Steven Spielberg erra feio em toda seqüência de perseguição na floresta amazônica. Tanto pelo nível dos efeitos especiais, nitidamente falsos, como a cena da luta de espadas que não tem nenhuma graça. E outra! Os macacos! Que cena ridícula e dispensável ver Shia LaBeouf dar uma de Tarzan.

Dizem que Oxley foi um personagem fora dos eixos, mas para mim um personagem que não contribuiu em nada foi Mac (Ray Winstone), amigo de Jones. Suas motivações, seu desfecho na trama ficaram sem sentido apesar de previsíveis. E o final do filme foi interessante para um filme B, mas a caveira de cristal foi o tesouro mais sem graça dos quatros Indiana Jones. E quanto a possível substituição de Harrison Ford por um ator mais jovem, a seqüência final deixa bem claro que ele está pronto para mais aventuras.

O sucesso da nova aventura do arqueólogo deve-se mais ao seu poder nostálgico do que pela qualidade em si. Mas não dispenso um quinto filme. George Lucas também não, quem sabe não vemos algo com relação a Atlantis agora?



Nota: 7

Rafael Sanzio

Um comentário:

Amanda C. S. disse...

Quando entrei no cinema pra ver esse filme, deixei de lado todas as minhas esperanças de "progredir" depois de assistí-lo. Entrei procurando as peripécias de um arqueólogo. E foi, em última hipótese, o que ele entregou, além de umas cenas um tanto quanto bizarras. Acho que esse é um filme de final de semana, não um marco de vida.
Adorei a review e vou vir aqui com frequência.

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