domingo, 19 de abril de 2009

Appaloosa - Uma Cidade sem Lei


Western. É como os norte-americanos chamam os filmes de faroeste. Duelos ao meio-dia, assaltos à trens, cidades fantasmas, Clint Eastwood. Filme de faroeste é um dos estilos clássicos do cinema e é com alegria que vejo esse tipo de filme voltar às telonas nos tempos de hoje, com bons atores e roteiros fieis ao estilo clássico que esse gênero exige. Appaloosa – Uma Cidade sem Lei (2008) segue essa fórmula clássica, dirigido e estrelado por Ed Harris que por seguir a risca a fórmula, não se perde na direção nem na atuação.


No filme, Virgil Cole (Ed Harris) e Everett Hitch (Viggo Mortensen) são dois pistoleiros que já se conhecem a tempo suficiente para forma uma sólida amizade. Os dois agem como “pacificadores”, encontrando cidades sem leis ou ameaçadas por bandidos e tomam conta da cidade até que tudo seja... pacificado. Contudo, essa rotina pode ser quebrada na cidade de Appaloosa, onde uma jovem viúva (Renée Zellweger) encanta o destemido Cole e poderá se tornar um elo fraco entre a amizade dos dois pistoleiros.


Apesar de ter essa história de amor (um amor um tanto quanto deturpado), o tema do filme recai principalmente na amizade entre Cole e Hitch. Essa parceria é tão bem sintonizada que muitas vezes não é preciso falar nada na cena, apenas com olhares os dois já se entendem e se comunicam. É muito interessante e gratificante como ator ver o relacionamento criado entre os dois personagens e o trabalho de Ed Harris e Mortensen. Hitch seria tido como o segundo na dupla, o que poderia lhe dar características sem graça alguma, mas sua presença nas cenas e seqüências deixa-no no mesmo patamar que Cole.


Não se pode deixar de analisar o espírito do faroeste presente em várias cenas, principalmente nos momentos de tensão antes de um tiroteio. A coragem fala mais alto, mesmo na iminência de ser morto, quem tem mais coragem ou moral é aquele que faz com que o oponente saque primeiro. Nesses momentos é que se demonstra quem é quem.



Em Appaloosa – Uma Cidade sem Lei está presente muitos elementos do faroeste clássico. O diretor de fotografia Dean Semler junto com Ed Harris decidiram corretamente em fazer o filme em película e em widescreen. Além disso, o faroeste clássico está presente em outras seqüências, uma delas é no saloon, onde dois bandidos urinam no chão. Percebam o close seqüencial típico de faroeste quando os heróis chegam e desafiam os bandidos. A câmera vai do bandido, para os heróis e até para o clássico barman limpando um copo, para depois começar a troca de balas. E como não podia ser diferente em um faroeste clássico, há a cavalgada sob o pôr-do-sol.


O roteiro simples, mas muito bem estruturado no relacionamento de Virgil e Hitch, peca apenas em um detalhe. Na mudança que ocorre no personagem Randall Bragg (Jeremy Irons), no começo do filme ele é apresentado como um brutal rancheiro e sem respeito pela lei, até que no decorrer da trama ele se demonstra como um culto e por fim se transforma num burguês. Então porque ele vivia daquela forma no começo da trama? Esse mistério que é colocado de lado.


Como em uma seqüência de tiroteio que foi perfeita pelo seu desfecho, onde Hitch comenta que o tiroteio foi rápido, Cole responde com muita propriedade: “Todos sabiam atirar”. Ed Harris deu um tiro certeiro. Soube fazer bem seu papel, tanto como ator e diretor, respeitando esse gênero que apesar de clássico, tem muito que oferecer para o público atual como uma boa diversão e exemplo de heróis cheios de honra e coragem.



Nota: 9



Rafael Sanzio

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