quarta-feira, 23 de março de 2011

Simples ou Complicado?

Ainda discutindo sobre as repercurções do Oscar, debati brevemente acerca de um assunto interessante. Conversando com um colega, eu disse que qualquer flme que estava concorrendo poderia ganhar a estatueta de melhor filme, menos A Rede Social (2010), picuinha apenas! Aceitando essa ideia, revelei qye minha opção seria o filme Bravura Indômita (2010), mas sabia que não iria ganhar porque era muito "simples". Meu colega então afirmou que um filme não precisava ser complicado para ganhar um Oscar.

Vamos esclarecer! Um filme simples é aquele que tem uma estrutura narrativa linear, com temática de fácil acesso, sem inovações de ângulos e personagens esteriotipados, tudo isso em um pacote só. Isso acontece no filme dos irmãos Coen, Bravura Indômita têm sua iquestionável qualidade mediante as interpretações dos seus atores principais e um roteiro mordaz e fial a sua linha western (Faroeste para nós), mas não deixa de ser simples! Bem, simples demais para querer abocanhar uma estatueta (apesar de achar que não era a intenção dos diretores). Já conhecemos o tipo de personagem Cogburn (Jeff Bridges) é: decadente que tenta mostrar que ainda é o melhor pistoleiro (Engraçado como o personagem parece com o cantor de country que Jeff Bridges interpretou em Coração Louco). A menina com mente de adulta também é normal nos filmes e as demais traams consequentes de um faroeste.

Um filme complicado (uso essa palavra por questões humorísticas) possui diversas qualidades, inovações, contextos e subcontextos em sua trama que fazem o público voltar a assistí-lo não por ser de um gênero que goste, mas para entendê-lo sob uma nova ótica que ele disponibiliza. Assim, ele pode receber o título de melhor filme. O filme de Darren Aronofsky, Cisne Negro (2010), encaixa-se nesse tipo.  Tem uma trama interessante, abusa de subcontextos e simbolismos e suas cenas, a atuação de Natalie Portman acrescenta pontos a análise fílmica e contém uma complexidade em sua protagonista. Suas qualidades não forem suficientes para derrotar O Discurso do Rei (2010), mas têm tanta originalidade quanto o vencedor do Oscar de Melhor Filme.


Certo, você pode me dizer e encontrar simbolismos em Bravura Indômita, mas não pode cair no erro de inventar significados que não existem. Na trama do western, notadamente Cogburn (Jeff Bridges) asssume o posto de pai da garota (Hailee Steinfeld) e ela o vê como tal e não como Marcelo Hessel diz no Omelete que (SPOILER) ao chupar o veneno da cobra do braço de Mattie, na verdade Cogburn sela um beijo simbólico que traduz o relacionamento dos dois, com Mattie apaixonada por ele. Não vamos exagerar! No máximo ao envelhecer Mattie considerou melhor as qualidades de Cogburn, mas não em sua aventura de infância.
 
Filmes simples são um ótimo entretenimento, nos concedendo as vezes boas interpretações. Mas o melhor filme é aquele com originalidade, que nos faz refletir, emocionar e ensinar, tanto ao público como a outros cineastas.

Rafael Sanzio

Nenhum comentário: