terça-feira, 13 de setembro de 2011

Cowboys & Aliens (Cowboys and Aliens)


Mente aberta. É o que precisa ter para assistir Cowboys & Aliens (2011). Uma das críticas negativas ao filme foi o fato de que ao juntar o gênero western com sci-fi o diretor Jon Favreau não conseguiu agradar a nenhum dos fãs dos dois gêneros. O que acontece aqui é que o filme não é um western e sim um filme de ficção científica, por mais que aconteça no ano de 1873. Dito isso, a boa vontade tem que partir dos fãs do gênero faroeste e engolir as explicações científicas que acontecem durante todo longa-metragem.

Um cowboy (Daniel Craig) acorda no meio do deserto sem ter qualquer memória de quem é ele, possuindo apenas um estranho bracelete de metal em seu pulso. Já na cidade, descobre ser um foragido da lei e entra em confronto com o Coronel Woodrow Dolarhyde (Harrison Ford). Antes que tudo acabe em sangue, alienígenas invadem a cidadezinha e começa o ataque aos seres humanos. Com essa nova ameaça, o Cowboy sem memória precisa lembrar de seu passado e enfrentar essas criaturas do espaço.

Admitindo meu apreço pelo gênero western, posso dizer que a trama em seus momentos iniciais é bem envolvente, com a trilha sonora típica do gênero. É interessante como o roteiro insere os alienígenas em uma primeira aparição misteriosa digna das histórias de abdução alien. Infelizmente o mistério é pouco, não temos tempo de absorver aquelas aparições e nem o clima de faroeste, pois em poucas cenas somos jogados em uma aventura científica com os alienígenas atacando a todo o momento. Passado essa estranheza inicial, nos acostumamos com essa mistura de gêneros (e é preciso se acostumar ou então você pode odiar cada minuto do filme), com os clichês de ambos os lados (aliens com couraça protegendo sua verdadeira forma e personagens típicos de uma trama de faroeste). Difícil é ver algumas forçadas no roteiro para o avanço da história, como a total aceitação imediata do protagonista a uma revelação na trama, não posso dizer sem dar spoiler, mas ficamos com a expressão “vai engolir essa desculpa?!”.

No quesito interpretação Daniel Craig está uma porta em relação a emoção. Harrison Ford mostra seu lado rabugento (que é proveniente de sua personalidade normal) e com momentos emocionantes, bastando uma expressão facial do ator veterano para sabermos o que está acontecendo com o personagem. Outra interpretação que talvez tenha passado despercebida é a do ator Adam Beach (Nat Colorado), o personagem contém uma grande carga emocional , em poucas cenas ele consegue transpor seus conflitos para a tela e suas cenas com Harrison Ford são emocionantes com seus subtextos. Fica ao encargo de Sam Rockwell (Doc) e o padre o alívio cômico do filme. Já Olivia Wilde (Ella Swenson) empresta apenas sua beleza ao longa.

"Caraca, poderiam ter esperado mais um pouco..."

Mas o filme é bom ou ruim? Há uma explicação rasa, mas lógica, para a chance de sucesso da raça humana daquela época contra alienígenas mais desenvolvidos. Fãs do gênero sci-fi vão torcer o nariz, pois a maioria dos filmes de invasão alienígena atuais, o exército americano custa para ganhar, mas lembrem-se, geralmente as invasões da época atual já são em escala total e as infiltrações aliens de reconhecimento da Terra já tinham sido feitas. Já para o clima faroeste, depois de um tempo, fica interessante ver os clichês do gênero inserido nessa loucura espacial.

A trilha sonora de Harry Gregson-Williams fica ao lado do clima de faroeste, funcionando em quase todos os momentos, apenas em algumas sequencias o tom fica “aventuresco” demais, como na cena desnecessária de pulo na aeronave. Talvez ter Indiana Jones no elenco influenciou na escolha dos tons das músicas.

Cowboys & Aliens não é um faroeste, pois ficamos com a sensação estranha durante todo filme que o gênero foi maculado por uma invasão alienígena. Cowboys & Aliens é uma ficção científica, só assim para absorver algumas explicações, mas mesmo assim acredito que os fãs do gênero pensarão “perder para cowboys, como?!”. Entre raios e balas, Cowboys & Aliens pode não ter acertado ninguém.

Nota: 6

Rafael Sanzio




Nenhum comentário: