segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Padre - Sem Cortes (Priest)



Superficialmente baseado na HQ coreana de Hyung Min-Woo (na verdade só pegou o nome e a tatuagem no rosto), Padre (2011), confere uma visão alternativa ao mito dos vampiros, tornando-os mais animalescos e sem qualquer charme proveniente de outros filmes. A direção de Scott Charles Stewart não exagera na violência e nem na falta dela, conferindo ao longa-metragem um equilíbrio na ação que agrada tanto a audiência adulta como jovem.

A guerra entre humanos e vampiros sempre existiu. Passando por gerações, os vampiros sempre possuíram a vantagem por serem mais fortes que seus inimigos, mas, a luz do sol impedia a aniquilação total da raça humana. A balança pendeu quando um grupo de guerreiros criados pela Igreja, chamados de padres, surgiram com a força necessária para derrotar os vampiros. Agora com a ameaça controlada, os Padres foram colocados no esquecimento, mas um deles (Paul Bettany) precisará reutilizar suas habilidades para salvar sua sobrinha de uma possível volta dos vampiros.

Primeiramente, é triste para os fãs do mangá (HQ oriental) serem enganados dessa forma. Se realmente gostaram do nome da série coreana, ao menos não anunciem como adaptação e nem sequer que seja baseado se não tiver NADA baseado, exageram quando informaram que era baseada LIVREMENTE, nossa... foi bem livre mesmo! Ao menos o filme em si não se considera uma adaptação, já que toma um viés totalmente diferente da trama dos quadrinhos. A única homenagem identificada é a introdução em desenho animado, que por sinal ficou excelente. Quanto a história, é interessante ver uma faceta diferente dos vampiros que estamos acostumados. Com exceção de Black Hat (Karl Urban) que representa o vampiro que a plateia desse tipo de filme reconhece. As influências visuais da película e estética gráfica do cenário lembram muito os filmes Blade Runner (1982) e Mad Max Além da Cúpula do Trovão (1985) para as cidades e deserto respectivamente. O que incomoda no roteiro é o fato de não explicarem o porquê da não destruição dos vampiros quando estes foram dominados, talvez a resposta tenha ficado para uma possível sequencia, mas um filme precisa ser completo, por mais que uma pretensão de outro filme esteja preparada.


Paul Bettany é sempre esforçado em seus papéis. Aqui o personagem mistura a angústia das privações que sofreu, com a sede de luta que foi treinado para ter. Lembra as misturas do seu personagem Silas em O Código da Vince (2006) e Dedo Empoeirado (que nome...) em Coração de Tinta – O Livro Mágico (2008). Karl Urban está à vontade como Black Hat, apesar de se resguardar como apenas o inimigo que conta vantagem até a luta final. Já a atuação sofrível de Cam Gigandet (Hicks) é necessária pelo seu personagem estar ali como muleta para as explicações e ensinamentos do mundo para o público que assiste ao filme.

Os efeitos especiais estão bons, com exceção de algumas cenas com a locomotiva, mas lutas e sincronia entre o CG e os atores reais estão bem feitas. Os vampiros lembram um dos monstros do filme Doom – A Porta do Inferno (2005), mas um pouco menos anabolizado.

Infelizmente não pude conferir este filme em 3D, mas como uma produção de entretenimento Padre realiza com sucesso seu intuito. Divertido e bem feito, um filme de ação sobrenatural que não traz nada de novo em quesito atuação ou roteiro, mas é uma opção para uma sessão descompromissada e sem preconceitos.

Nota: 7

Rafael Sanzio

3 comentários:

Yerick Douglas disse...

Boa crítica. Mas, particularmente eu achei o filme uma negação. Não é o tipo de longa-metragem "no brain" que as pessoas estão acostumadas a assistir, como Adrenalia (2006) ou Os Mercenários (2010). Priest não tenta dar o caráter de ação por ação, como os filmes que eu citei. Ele tenta passar o ar sério e sobrenatural, tentando prender o espectador em um roteiro completamente sem sentido. Me dá raiva saber que eles poderiam ter feito tanta coisa (como realmente ADAPTADO a HQ - mas pelo menos ela está a salva). E por ter falhado, eu não o categorizo como bom filme. Você deu nota 7, talvez eu desse 4,5 se estivesse com bom humor. Abraço!

Yerick Douglas disse...

Bom texto crítico, Rafa. Mas na minha concepção, o filme não passa a ideia de ação "no brain" como estamos acostumados com filmes tipo Adrenalina (2006) ou Os mercenários (2010). Ele tenta prender o espectador em uma história enfadonha e MUITO RUIM. Pelo menos eu dou graças que a HQ está a salva (eu achava que era a adpatação mesmo). Você deu nota 7, eu daria 4,5 se estivesse de bom humor.

Rafael Sanzio disse...

Infelizmente ou felizmente, uma de minhas bases para a nota final é diversão. Independente do roteiro, se um filme divertiu, merece uma nota alta nesse quesito, foi por isso que Priest conseguiu ficar na média.